Novembro foi marcado pela visibilidade da Amazônia nas mídias mundiais, que pela primeira vez na história recebeu um dos eventos mais importantes da agenda ambiental global: a COP, a Conferência das Partes. Realizada anualmente desde 1995, a COP é o principal fórum mundial de negociação climática, para definir ações urgentes de enfrentamento às mudanças climáticas.
A COP 30, realizada entre 10 e 21 de novembro de 2025 em Belém (PA), contou com a participação de 143 países, sendo este um encontro diplomático de decisões políticas que se alinhem às responsabilidades ambientais (embora nem sempre com metas tão ambiciosas quanto o planeta exige). Ainda assim, ela é o momento decisivo para avançar em compromissos que impactam diretamente nosso futuro.
Criada em 1992, na Rio-92 (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, UNFCCC), a COP surgiu como reconhecimento da importância do clima como recurso compartilhado globalmente, e das ameaças que as atividades humanas podem gerar. Desde então, as COPs se tornaram fundamentais para acordos globais, como o Protocolo de Kyoto (COP3, 1997) e o Acordo de Paris (COP21, 2015).
A realização da COP30 na Amazônia representa um marco histórico para o Brasil e para o mundo. Sediar a conferência no coração do bioma mais biodiverso do planeta reforça, por si só, a importância das florestas para o equilíbrio climático global e coloca no centro do debate temas fundamentais como justiça ambiental, valorização dos povos tradicionais e conservação socioambiental. Para o Brasil, é também uma oportunidade de exercer liderança e protagonismo na construção de soluções climáticas alinhadas à proteção da natureza.
Historicamente, o protagonismo das florestas nas discussões climáticas sempre foi enfatizado, enquanto o papel do oceano — o maior regulador do clima — permaneceu em segundo plano. No entanto, há sinais de mudança. A edição deste ano da conferência apresenta três sessões temáticas: Florestas e Oceano; Transição Energética; e Acordo de Paris, Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC) e Financiamento.
Além disso, foi lançado o Pacote Azul, que pela primeira vez integra de forma estruturada o oceano à agenda climática global, reunindo ações de conservação marinha, uso sustentável dos recursos oceânicos, transição energética e mecanismos de financiamento para soluções baseadas na natureza. Paralelamente, Brasil e França lideram o Desafio das NDCs Azuis, que incentiva os países a incorporar o oceano em suas NDCs. Juntas, essas iniciativas estabelecem uma estratégia inédita para a mitigação climática e a proteção oceânica.
No contexto do Projeto Petrechos de Pesca, esse cenário se torna especialmente propício para integrar a agenda de manejo de resíduos, em particular o combate ao lixo plástico no mar e a gestão de petrechos de pesca inservíveis, à agenda climática global. A realização da conferência no Brasil também amplia o espaço para que comunidades pesqueiras, organizações da sociedade civil e iniciativas locais de proteção costeira e marinha tenham maior visibilidade e voz. O Projeto atua exatamente na interseção entre conservação marinha, economia circular e fortalecimento das comunidades pesqueiras, pilares que ganham novo impulso com as discussões temáticas da COP30 e com o Pacote Azul. Ao promover o recolhimento e a reciclagem de petrechos de pesca inservíveis, avançamos na mitigação da poluição marinha, no fortalecimento das cadeias circulares e na construção de um oceano mais saudável para todos.
COP30 marca virada histórica ao colocar os oceanos no centro da agenda climática | WWF Brasil
