Um novo ano começou marcando grandes avanços para o Projeto Petrechos de Pesca. Cada atividade realizada no ano passado fortaleceu ainda mais os nossos compromissos em traçar caminhos para a gestão e reciclagem dos materiais inservíveis provenientes da atividade pesqueira.
Em 2024, todos os esforços para o recebimento de materiais em nossos PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) resultaram em incríveis 1.903 quilogramas de petrechos de pesca, referentes a 430 objetos incluindo redes de pesca, cabos e acessórios como boias e anzóis. Ao longo do ano, esse material foi caracterizado e armazenado no Ecoponto do Pescador, no Píer do Saco da Ribeira (Ubatuba/SP) e, em dezembro, mais de uma tonelada de redes de pesca de emalhe (compostas por poliamida) foram destinadas à reciclagem – esse processo transforma as redes em “pellets”, que são pequenas bolinhas de matéria-prima para a produção de objetos plásticos. Em 2025, os “pellets” serão transformados em novos objetos e retornarão à comunidade e aos pescadores colaboradores do projeto.
Esse número só foi atingido devido ao interesse e participação da comunidade local, em especial os pescadores artesanais.
Um dos aspectos que investigamos durante a caracterização dos petrechos de pesca recebidos nos PEVs é a presença de organismos incrustantes. Os nossos estudos revelaram 33 espécies de organismos associados aos petrechos. Dentre eles, destaca-se o mexilhão verde (Perna viridis), espécie invasora que desde 2018 está se espalhando pelo litoral brasileiro. O registro oficial dessa espécie em petrechos de pesca no município de Ubatuba foi publicado pela equipe do projeto e também discutido no Congresso Latino-Americano de Ciências do Mar e no Congresso Brasileiro de Oceanografia, realizados em agosto de 2024.
Outro ponto alto das atividades do projeto no ano passado foram as nossas campanhas de mar. Em 2024, foram 138 horas de atividades embarcadas em 23 dias de saídas! Muitos dados interessantes foram coletados e fizemos grandes avanços em relação ao mapeamento do fundo marinho em nossa área de estudo. Inclusive, em junho, tivemos a oportunidade de realizar a oficina “Utilização de métodos de mapeamento de fundo como instrumento para gestão marinha – Parte II”, para gestores e funcionários das Áreas de Proteção Marinha do Estado de São Paulo, no Parque Estadual da Ilha Anchieta.
Comunicar ao grande público a importância da gestão correta de petrechos de pesca e das possibilidades para reinserção desse material na economia também é uma das tarefas do Projeto. Com isso, sempre nos esforçamos para trazer essas informações para diversos setores. Em 2024, iniciamos uma atividade continuada na Escola Municipal Tancredo de Almeida Neves em Ubatuba (SP), com alunos do ensino médio. Uma sequência de palestras está sendo realizada com os alunos, falando sobre questões de gestão do plástico, ciência e empreendedorismo. Já foram realizadas duas palestras, e serão ministradas mais três palestras e duas oficinas em 2025. Além disso, realizamos 11 atividades socioeducativas com diversos públicos, incluindo crianças e os próprios pescadores de Ubatuba. Uma com grande destaque foi a nossa participação na SP Ocean Week, um evento de cultura oceânica que acontece anualmente em São Paulo e que recebeu mais de 20 mil visitantes ao longo dos cinco dias de exposição.
As parcerias que tivemos no ano passado foram um grande diferencial para o sucesso dessas atividades. Ressaltamos o apoio do Projeto Ribeira Viva, da Cooperativa Coco&Cia, e dos nossos parceiros Parque Estadual da Ilha Anchieta, APA Marinha do Litoral norte, dentre outros.
Agradecemos a todos que nos acompanham e apoiam o projeto, em especial aos pescadores. O ano de 2024 foi cheio de realizações, e estamos certos de que 2025 trará ainda mais avanços em nossa missão. A equipe do Projeto Petrechos de Pesca lhes deseja um feliz ano novo!
