Novembro foi marcado por importantes eventos internacionais. Um deles foi a COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que ocorreu em Baku, Azerbaijão. A COP é um dos fóruns globais de maior relevância que discutem sobre mudança climática, reunindo líderes, cientistas e outras partes interessadas na negociação de soluções contra os impactos do aquecimento global. Estabelecida a partir da Rio-92 (também chamada de Cúpula da Terra, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992), a conferência é responsável por estabelecer as metas prioritárias para lidar com o aquecimento do oceano, a ocorrência de eventos extremos (secas, enchentes, ondas de calor) e a extinção de espécies, sendo formalizada em encontros anuais.


Também em 1992, foi adotado pelas Nações Unidas o conceito da tripla crise planetária para descrever os três principais desafios enfrentados pela nossa sociedade: mudanças climáticas, perda de biodiversidade e poluição. Esses problemas, apesar de terem causas e efeitos distintos, podem interagir e se intensificar, ameaçando a manutenção dos ecossistemas, o equilíbrio ecológico do planeta e a saúde física e mental humana. A interação entre esses três fatores representa um enorme desafio para governantes, gerando efeitos cumulativos e incertezas nas predições de seus impactos. O aquecimento global, uma das mudanças climáticas, está acelerado desde os anos 50 devido ao aumento da emissão de combustíveis fósseis. Seus impactos intensificam os danos ambientais, afetando os ecossistemas que já estão vulnerabilizados pela poluição, e levando à perda de biodiversidade. Os compromissos assumidos pelos países nas edições anuais da COP têm então enorme potencial para frear a tripla crise planetária. Por exemplo, em 1998, na 3ª COP, ocorrida em Kyoto, Japão, foi concebido o famoso “Protocolo de Kyoto”, o primeiro tratado internacional para controle da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.

No evento ocorrido este mês, o foco foi em novos mecanismos de financiamento climático e metas de redução de emissões para conter o aumento da temperatura global a 1,5 ºC. O Brasil também apresentou suas metas climáticas, um tanto quanto ambiciosas: redução entre 59% e 67% das emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, em comparação com os níveis de 2005. Também foi introduzido o Plano Clima, um documento que orientará ações de mitigação e adaptação climática, assim como o Pacto pela Transformação Ecológica, que visa a colaboração entre sociedade e governo, na agenda climática. 

Entre os agravantes da tripla crise, a poluição plástica assume um papel importante. É crucial que ocorra a discussão e implementação de soluções integradas, como propostas de economia circular e redução de emissões simultâneas aos esforços de restauração ambiental​. As ações do Projeto Petrechos de Pesca visam, em uma escala local, reinserir o petrecho plástico descartado no ciclo de reaproveitamento. Dessa forma, os impactos negativos da gestão inadequada do resíduo plástico são reduzidos. Nossa abordagem, ao contribuir para o desenvolvimento de práticas econômicas mais sustentáveis e que se alinham às metas globais discutidas na COP, ilustra como iniciativas locais podem ter impactos globais.

Deixe um comentário