As campanhas de mar são uma das diversas atividades desenvolvidas pelo Projeto Petrechos de Pesca e é por meio delas que é possível coletar dados ambientais sobre a área de estudo no PEIA, realizar o mapeamento do fundo marinho, identificar objetos (anomalias acústicas) e obter informações necessárias para realizar o mapeamento de habitats. Tais informações são de grande interesse e relevância para a gestão ambiental, especialmente para áreas marinhas protegidas, e podem guiar a elaboração de instrumentos políticos para conservação dos ecossistemas (Pergent et al., 2017; Motta et al., 2021).
Dentre as técnicas utilizadas nas campanhas de mar estão o mapeamento do fundo marinho utilizando o sonar de varredura lateral (SVL), que geram arquivos de imagens denominados sonogramas que geralmente possibilitam localizar e identificar “anomalias” (ou objetos) no fundo do mar (Ierodiaconou et al., 2018). Essa técnica é combinada com a utilização da verdade de campo (ground truth), que são as imagens digitais geradas por câmeras subaquáticas acopladas em uma unidade submersível que registra a coluna d’água e o assoalho marinho. Para realizar esse procedimento, as câmeras são configuradas para capturarem imagens sequenciais a cada 1 segundo (time lapse). A verdade de campo é combinada com outras técnicas como por exemplo, observações e imagens obtidas por mergulho SCUBA, fotos quadrados (drop camera), veículo operado remotamente (ROV) ou veículos subaquáticos autônomos (AUV) (Burguera et al., 2020). As imagens obtidas com os métodos de verdade de campo podem ser sincronizadas com os sonogramas e assim é possível determinar a localização de estruturas no fundo com maior precisão (Casarini et al., 2015).
Além dos dados descritos acima, outros parâmetros coletados no procedimento de campanha de mar são: cobertura do céu, ondulação, temperatura ambiente e da água do mar, salinidade, pH e oxigênio dissolvido por meio da utilização de uma sonda multiparâmetro em 5 estações, previamente determinados dentro da área de estudo, sendo que em cada estação a medição é realizada na superfície, meio e fundo da coluna d´água. Tais dados também podem ser obtidos por meio de sensoriamento remoto. Todos esses parâmetros ambientais são fundamentais para caracterização ambiental da área e o acompanhamento de alterações ambientais.
Por fim, o monitoramento ambiental realizado na campanha de mar também ocorre por meio de inspeção visual que tem como objetivo localizar objetos (petrechos de pesca, objetos plásticos e outros materiais) no costão rochoso e na linha d’água (Casarini et al., 2015, Costa et al, 2015, Ierodiaconou et al., 2018, Burguera et al., 2020). Para realizar a inspeção visual, é utilizado uma câmera profissional que consta com lente objetiva de longo alcance para realizar a inspeção visual da superfície do mar e fotografar o costão rochoso no entorno da área de estudo. Quando necessário são realizados mergulhos e desembarque pontuais para verificação, identificação e remoção.
Todas essas informações são importantes para a avaliação e monitoramento ambiental e têm o potencial de subsidiar os tomadores de decisão a identificarem as prioridades de ação para gestão dos petrechos de pesca perdidos e a conservação ambiental.
Referencias:
Casarini, L. M; Costa, M. D; Costa, J. A; Mello, J. E. A. 2015. Sidescan sonar and towed camera: A combined system of low-cost mapping for shallow water. IEEE/OES Acoustics in Underwater Geosciences Symposium. Rio de Janeiro, Brazil, pp. 1-7. doi: 10.1109/RIOAcoustics.2015.7473587.
Costa, Júlia Alves; Gomes, Luiz Pereira; Costa, Mônica Doll; Mello Junior, José Edmilson; Casarini, Luiz Miguel. 2015. Mapeamento do fundo marinho e localização de petrechos de pesca perdidos em Unidades de Conservação. Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação – CBUC. Anais do VIII CBUC, Curitiba (PR) – Trabalhos Técnicos p 1-5.
Ierodiaconou, D., Schimel, A. C., Kennedy, D., Monk, J., Gaylard, G., Young, M., … & Rattray, A. (2018). Combining pixel and object based image analysis of ultra-high resolution multibeam bathymetry and backscatter for habitat mapping in shallow marine waters. Marine Geophysical Research, 39, 271-288.
Motta, F. S., Moura, R. L., Neves, L. M., Souza, G. R., Gibran, F. Z., Francini, C. L., … & Pereira-Filho, G. H. 2021. Effects of marine protected areas under different management regimes in a hot spot of biodiversity and cumulative impacts from SW Atlantic. Regional Studies in Marine Science, 47, 101951.
Burguera, Antoni, and Francisco Bonin-Font. 2020. “On-Line Multi-Class Segmentation of Side-Scan Sonar Imagery Using an Autonomous Underwater Vehicle” Journal of Marine Science and Engineering 8, no. 8: 557. https://doi.org/10.3390/jmse8080557
Pergent, G., Monnier, B., Clabaut, P., Gascon, G., Pergent-Martini, C., & Valette-Sansevin, A. 2017. Innovative method for optimizing Side-Scan Sonar mapping: The blind band unveiled. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 194, 77-83.
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