Mapear para conhecer o fundo do mar possibilita várias oportunidades para a ciência, governos e para empresas privadas que podem utilizar os recursos marinhos. Existem várias técnicas para mapear o fundo marinho que propiciam a investigação em grandes áreas e podem auxiliar a boa gestão para diversos propósitos como o mapeamento de habitats, para medir e estudar o relevo pela profundidade dos oceanos (conhecida como batimetria), avaliação de estoques pesqueiros, identificação de áreas para proteção ambiental e de interesse científico, e inclusive pode ser um ferramenta para localizar petrechos de pesca perdidos no mar.

Para localização dos petrechos de pesca no fundo marinho, as técnicas de mapeamento com sonares estão sendo utilizadas por muitas pesquisas ao redor do mundo. Os sonares (palavra que vem do inglês, Sound Navigation and Ranging ou em português, “Navegação e determinação da distância pelo som) possuem um transdutor, uma peça que emite ondas de som que se propagam até baterem no substrato marinho, fazendo essas ondas refletirem e retornarem ao transdutor. O tempo em que esse caminho leva para acontecer traz as informações sobre características do fundo marinho, como a rugosidade e elevações rochosas, como na figura acima. Com essas informações, o sonar consegue produzir imagens acústicas, detalhando suas feições físicas e possíveis anomalias no fundo (como por exemplo objetos presentes naquela área).
O transdutor do sonar fica dentro da água no casco da embarcação, esse dispositivo emite e recebe o sinal acústico (som) de retorno. Fonte: Projeto Petrechos de Pesca.

Fonte: Rotta, L. H. S., Imai, N. N., Batista, L. F. A., Boschi, L. S., Galo, M. D. L. B. T., & Velini, E. D. (2012). Sensoriamento remoto hidroacústico no mapeamento de macrófitas aquáticas submersas. Planta Daninha, 30, 229-239.
O método de mapeamento com sonares pode ser relativamente simples de ser executado e custo acessível, dependendo do tipo de aplicação. Pode ser uma ferramenta interessante para gestão de áreas marinhas, inclusive de áreas de proteção ambiental (APAs marinhas). Porém, a aplicação dos sonares para gerenciamento ambiental marinho e para pesquisa sobre petrechos de pesca perdidos pode ter certa limitação, sendo necessário a aquisição de dados complementares. Dessa forma, outras técnicas são utilizadas em conjunto, como o uso de imagens digitais (o que se denomina verdade de campo). As imagens podem ser coletadas por câmeras subaquáticas, dispositivos submersíveis, ROVs (veículos operados remotamente), AUVs (veículos subaquáticos autônomos) e mergulho científico.
Pensando nas oportunidades que a integração de técnicas para detecção de petrechos de pesca perdidos no mar podem trazer para os gestores de áreas de proteção ambiental com interface marinha, a equipe do Projeto Petrechos realizou a primeira oficina sobre a “Utilização dos métodos de mapeamento de fundo para gestão marinha”. A oficina ocorreu no Núcleo Regional de Pesquisa do Litoral Norte (Ubatuba – SP), do Instituto de Pesca, em 04/08/2023 com a participação de 21 profissionais entre gestores e funcionários das APAs (Áreas de Proteção Ambiental) com interface marinha do Estado de São Paulo.
A utilização dessas técnicas combinadas têm sido utilizadas em pesquisas para detecção e remoção de petrechos de pesca perdidos em ambientes aquáticos. É importante garantir o monitoramento e a gestão de áreas protegidas para minimizar as ocorrências de petrechos de pesca perdidos. A caracterização dos petrechos de pesca removidos dessas áreas podem trazer indicativos para ações de gestão e destinação responsável desses materiais.

